quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O número Três

Hoje é a vez de falar do meu queridíssimo irmão número três. Peço desculpas pela demora que se deve à grande responsabilidade que é falar e publicar sobre uma pessoa amada. Hoje, finalmente me sinto inspirada para essa missão quase impossível.
Amo muito esse meu irmão número três, acredito até que ele nem imagina o quanto. Sinto-me triste e às vezes até mesmo frustrada pelo fato de a vida ter nos afastado bastante. É uma coisa comum que acontece hoje em dia com as pessoas em geral em nossa sociedade mas, como o amor e as lembranças não precisam pedir licença vou tentar descrever sentimentos e fatos que ainda nos ligam fortemente, assim como aos outros todos igualmente queridíssimos e amados irmãos.
O número três é um anjo que veio ajudar as pessoas, disso não tenho a menor dúvida. O interessante é que até a imagem que ele chegou à Terra é de anjo: ruivo com cabelos encaracolados, fofinho e cheio de sardas. Essa imagem eu conheço somente de fotos já que ele chegou aqui quatro anos antes de mim. Ele era uma criança diferente e linda e suas fotos pareciam pinturas artísticas.
Ele é inteligentíssimo, nossa mãe adorava contar que quando estava no curso primário, o diretor da nossa escola “Grupo Escolar Marcos Gasparian”, o Sr. Ferrari costumava compará-lo ao Dr. Rui Barbosa dizia: igual ao Dr. Rui Barbosa existe somente um, o Aguinaldo. Imaginem o orgulho dela quando o ouvia falar assim de um dos seus filhos. Até onde sei ele passou em quase todos os concursos que prestou, quase porque conheço somente um vestibular que foi reprovado, muitas vezes até em primeiro lugar: Colégio Técnico Jundiaí”, Petrobrás, INPS, INPE, etc.
Lembro quando éramos criança e eu filha caçula, meu pai tinha um carro antigo da Ford e meu sonho, na época, acreditem era que ele comprasse um carro mais moderno, o fusca!! Costumávamos ir para Santos. Durante o caminho na estrada, o número três fazia uma caminha no canto do banco traseiro para eu ir dormindo ao seu lado. Essa é uma das melhores lembranças que guardo me faz voltar no tempo vivendo esse momento e sentindo o calorzinho do seu aconchego.
Certa vez, durante uma briga feia entre irmãos, perdi totalmente o controle e chorava compulsivamente, e lá estava o número três para me acalmar, sempre ele!!
Em 1977 vim estudar em São José dos Campos, o número três fazia cursinho pré-vestibular e morava com o número dois. E lá estava ele sempre me levando ou buscando na escola, ou para fazer trabalhos, ou para Jundiaí nos finais de semana, sempre cuidando e protegendo!!
Como anjo que é, tem seu lado infantil claro. Nossa mãe, quando comprava balas, doces ou bolachas encarregava aquela a mais nova, a número sete para dividir igualmente em sete partes e distribuir os pacotinhos. O número três, na maior cara de pau dizia que não tinha recebido a parte dele para ganhar mais do que os outros. O pior é que ele representava tão bem o coitadinho, que muitas vezes deixava nossa mãe em dúvida. Lembro-me de muitas vezes ficarmos assistindo a jogos de basquete e vôlei, filmes na TV até a madrugada do dia seguinte. Lá pelas tantas, quando a fome se manifestava, ele fazia pipoca. Quando íamos pegar a pipoca dele ainda na panela, ele dava tapinhas nos nossos braços, assim encostávamos o braço na panela quente fazendo pequenas bolhas, até hoje tenho cicatrizes nos braços que não me deixam nem mentir e nem esquecer esses episódios de tirania de irmão. Mas, também, adoro lembrar quando o seu grande (literalmente e no sentido figurado) amigo Salvador o acordava cedinho colocando tomate frio na sua barriguinha!!! Ele acordava super bravo, era bem legal! Nessa época ele participava de encontros da juventude aos sábados na igreja. Depois, como faz também faz parte das atribuições de um anjo, me ensinava algumas músicas. Uma das que ele vivia cantando era uma das minhas preferidas: a oração de São Francisco (... pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna...). Hoje o tipo de brinquedinho que gosta são as últimas novidades tecnológicas, ele sempre tem que ser o primeiro a ter senão não tem sossego. Outro tipo de brinquedinho que gosta são os objetos antigos de família, não deu sossego enquanto não conseguiu o relógio de parede que foi de nosso avô materno, fotos de família e até receitas das delícias que nossa mãe preparava... Como uma criança, adora se gabar!! É, realmente, uma peça raríssima, uma preciosidade!!
Nossa mãe dizia que ele adorava tomar banho, e se ela se descuidasse ele voltava para a banheira de roupa e sapato.
Nossa mãe contava que aos três anos mais ou menos ele fugiu de casa. Ela só se deu conta quando tocaram a campainha e uma senhora, de mãos dadas com ele, perguntou se era filho dela, pois ela havia o encontrado no centro da cidade no meio da praça sozinho. Então ela achou que era filho da minha mãe e que seria melhor levá-lo de volta para que ele não fosse roubado.
Legal eram as pescarias que ele inventava de fazer em Caraguatatuba. Ele juntava toda a tralha e lá iam ele, o número seis com a namorada e a número sete. Voltavam de madrugada sem peixe algum, mas de cara cheia de cachaça isso sim!
Uma das provas mais fortes de que ele é anjo e veio para nos amparar, aconteceu na ocasião do falecimento da nossa amada avó que morava com minha mãe. Esse meu irmão, na época desempregado e morando em Lorena, arrumou emprego em Campinas e foi morar com minha mãe. Ele morou pouquíssimo tempo lá, durante um mês aproximadamente, mas, tenho certeza, que foi mais uma vez para ajudar a minha mãe a passar por esse momento tão difícil da vida dela e da gente.
Quando minha mãe ficou doente, após passar um período de tempo em minha casa, ele mais uma vez cumpriu se destino de anjo e, junto com a anja da guarda de minha mãe, minha cunhada, a levaram para a casa deles. Minha mãe foi privilegiada, pois não teria recebido cuidados melhores em nenhum outro lugar do mundo. Eles a trataram como a rainha (no melhor dos sentidos) que era, com todo amor, carinho, cuidado e a seriedade que merecia. Isso jamais poderei retribuir.
Aliás, a vida dele com a sua família atual é muito linda, mas é uma história que pertence a eles. Peço licença para sua filha apenas para registrar aqui uma passagem linda sobre uma cartinha escrita por ela e onde ela se refere a ele como seu pai cor de abóbora, não é lindo?
Hoje é dia de finados. Quero dedicar esse post à lembrança da nossa mãe que, tenho certeza, está feliz vendo que, aos poucos, estou registrando momentos tão importantes de nossas vidas.
Beijos e até a próxima!!
Olha, que a próxima que é a número quatro tem muuuuuuiiiiitaaaaaaaaaaa história e vai me dar trabalho. Portanto, tenho que me recuperar e me preparar bastante para o próximo post! Assim, já peço desculpas por antecipação, já que deve demorar bastante, pelo tanto de inspiração que terei que ter!! HEHE...

domingo, 5 de junho de 2011

SORTEIO!! RECHEADO!!


Meninas arteiras!! já tem um bom tempo que a minha primeira revista está nas bancas !!! mas como nunca é tarde pra comemorar estou fazendo esse sorteio pra vcs!!! E esse será o primeiro de muitos!!!!
O kit esitá recheado de coisas que nós artesãs amamos!!!como vcs podem ver na foto ai de cima
* 6 rolinhos de feltro SANTA FÉ liso
* 2 rolinhos de feltro SANTA FÉ estampado
* 3 revistas coleção trabalhos em feltro da ED MINUANO, a última com trabalhos meus !!
* kit de botões decorativos
* alfinetes e fita métrica..

Para participar do sorteio acesse:
http://mocabonitaartes.blogspot.com/2011/05/sorteio-recheado.html

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Os psicólogos que me perdoem

Quando li vi a nossa Di falando, lembram? Acho que foi ela quem escreveu. Espero que gostem, a contribuição veio da Cláudia.

ACHO QUE ESSA PSICOLOGIA FUNCIONAVA MESMO...

Ensinamentos das MÃES DE ANTIGAMENTE:

Pra lembrar, e rir (bastante...).
Coisas que nossas mães diziam e faziam...
Era uma forma, hoje condenada pelos educadores e psicólogos, mas funcionou com a gente e por isso não saímos seqüestrando a namorada, calculando a morte dos pais, ajudando bandido a sequestrar a mãe, não nos aproveitamos dos outros, não pegamos o que não é nosso, nem matando os outros por ai, etc...

Minha mãe ensinou a VALORIZAR O SORRISO...
"ME RESPONDE DE NOVO E EU TE ARREBENTO OS DENTES!"

Minha mãe me ensinou a RETIDÃO...
"EU TE AJEITO NEM QUE SEJA NA PANCADA!"


Minha mãe me ensinou a DAR VALOR AO TRABALHO DOS OUTROS...
"SE VOCÊ E SEU IRMÃO QUEREM SE MATAR, VÃO PRA FORA. ACABEI DE LIMPAR A CASA!"

Minha mãe me ensinou LÓGICA E HIERARQUIA...
"PORQUE EU DIGO QUE É ASSIM! PONTO FINAL! QUEM É QUE MANDA AQUI?"


Minha mãe me ensinou o que é MOTIVAÇÃO...
"CONTINUA CHORANDO QUE EU VOU TE DAR UMA RAZÃO VERDADEIRA
VOCÊ CHORAR!"


Minha mãe me ensinou a CONTRADIÇÃO...
" FECHA A BOCA E COME!"

Minha Mãe me ensinou sobre ANTECIPAÇÃO...
"ESPERA SÓ ATÉ SEU PAI CHEGAR EM CASA!"


Minha Mãe me ensinou sobre PACIÊNCIA...
"CALMA!... QUANDO CHEGARMOS EM CASA VOCÊ VAI VER SÓ..."

Minha Mãe me ensinou a ENFRENTAR OS DESAFIOS...
"OLHE PARA MIM! ME RESPONDA QUANDO EU TE FIZER UMA PERGUNTA!"

Minha Mãe me ensinou sobre RACIOCÍNIO LÓGICO...
"SE VOCÊ CAIR DESSA ÁRVORE VAI QUEBRAR O PESCOÇO E EU VOU TE DAR UMA SURRA!"


Minha Mãe me ensinou sobre o REINO ANIMAL...
"SE VOCÊ NÃO COMER ESSAS VERDURAS, OS BICHOS DA SUA BARRIGA VÃO COMER VOCÊ!"


Minha Mãe me ensinou sobre GENÉTICA...
"VOCÊ É IGUALZINHO AO SEU PAI!"

Minha Mãe me ensinou sobre minhas RAÍZES...
"TÁ PENSANDO QUE NASCEU DE FAMÍLIA RICA É?"

Minha Mãe me ensinou sobre a SABEDORIA DA IDADE...
"QUANDO VOCÊ TIVER A MINHA IDADE, VOCÊ VAI ENTENDER."

Minha Mãe me ensinou sobre JUSTIÇA...
"UM DIA VOCÊ TERÁ SEUS FILHOS, E EU ESPERO ELES FAÇAM PRÁ VOCÊ O MESMO QUE VOCÊ FAZ PRA MIM! AÍ VOCÊ VAI VER O QUE É BOM!"

Minha mãe me ensinou RELIGIÃO...
"MELHOR REZAR PARA ESSA MANCHA SAIR DO TAPETE!"

Minha mãe me ensinou o BEIJO DE ESQUIMÓ...
"SE RABISCAR DE NOVO, EU ESFREGO SEU NARIZ NA PAREDE!"

Minha mãe me ensinou CONTORCIONISMO...
"OLHA SÓ ESSA ORELHA! QUE NOJO!"

Minha mãe me ensinou sobre a DETERMINAÇÃO...
"VAI FICAR AÍ SENTADO ATÉ COMER TODA COMIDA!"

Minha mãe me ensinou habilidades como VENTRÍLOGO...
"NÃO RESMUNGUE! CALA ESSA BOCA E ME DIGA POR QUE É QUE VOCÊ FEZ ISSO?"

Minha mãe me ensinou a SER OBJETIVO...
"EU TE AJEITO NUMA PANCADA SÓ!"

Minha mãe me ensinou a ESCUTAR ...
"SE VOCÊ NÃO ABAIXAR O VOLUME, EU VOU AÍ E QUEBRO ESSE RÁDIO!"

Minha mãe me ensinou a TER GOSTO PELOS ESTUDOS...
"SE EU FOR AÍ E VOCÊ NÃO TIVER TERMINADO ESSA LIÇÃO, VOCÊ JÁ SABE!..."

Minha mãe me ajudou na COORDENAÇÃO MOTORA...
"JUNTA AGORA ESSES BRINQUEDOS!! PEGA UM POR UM!!"

Minha mãe me ensinou os NÚMEROS...
"VOU CONTAR ATÉ DEZ. SE ESSE VASO NÃO APARECER VOCÊ LEVA UMA SURRA!"

Brigadão, Mãe !!!

Eu não virei bandido(a).

Meu caro sobrinho dois do filho dois, isso me faz lembrar um dia que você me disse:
tia, vira bicho!!!
lembra? Porque eu sempre falava: se vocês fizerem isso eu vou virar um bicho, então você veio com essa, bem parecida com as do seu pai! Imagine a minha cara... Foi legal!!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Nem tudo são flores..

Hoje tenho que fazer uma confissão: nem tudo são flores.
A maioria das lembranças, graças a Deus são de coisas boas, mas hoje me sinto obrigada a contar a vocês uma passagem que não vai deixar ninguém orgulhoso, garanto.
Tirem as crianças da sala, por favor senhora número dois, leia atentamente e só deixe seus filhos lerem se julgar que não ficarão traumatizados com essa estória. O mais importante: não repitam isso em casa.
Bem, lá vai hein? Ainda há tempo de parar a leitura e ficar na ignorância desse fato.
Pensem bem, vão continuar?
Pois então, declaro que esse blog e a pessoa que lhe escreve nessa hora, não se responsabilizam por qualquer tipo de dano, seja ele psicológico ou físico a quem quer que seja.
Era um lindo dia, mas uma dor de cabeça insistente, não me deixava em paz. Então, meu queridíssimo irmão número dois veio com a salvação: irmãzinha querida tome esse remedinho que é milagroso. Deixei-me levar pela credibilidade que aquele super irmão posuía e tomei o remedinho milagroso. Mas, a tal dor de cabeça não passava e, ao mesmo tempo, havia um sorriso no canto de sua boca que me chamou muito a atenção. Decidi investigar. Qual não foi a minha surpresa quando descobri que o tal comprimidinho havia sido confeccionado cuidadosamente com giz. Isso mesmo meus caros leitores, o mesmo giz usado para escrever em quadro negro ou lousa pelos nossos mestres nas escolas. Vocês conseguem acreditar que aquela criatura tão amável foi capaz de confeccionar um comprimido de giz, perfeito, até com a linha de corte ao meio? Pois é, imaginem minha cara quando descobri, meu mundo caiu!! Foi muito difícil acreditar, demorei muito! É até difícil para mim falar nesse assunto até hoje. Estou aos prantos!! Desculpem, mas estou sem condições de continuar esse relato, até a próxima!! Bye bye!! so long!! farewell!!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Italianos, será??

Há algum tempo comentei sobre a influência italiana na nossa criação. Nossa bisavó Rosa era italiana. Nossa mãe sempre comentava que muitos pratos que ela preparava, ela havia aprendido com sua avó Rosa, aliás pratos deliciosos. Eu conheci nossa bisavó, mas uma das poucas lembranças que guardo referem-se à visitas à casa da tia Lila e tio Ermínio em Louveira. Lembro bem de vê-la sentada em uma cadeira de palha linda. Depois só me lembro dela na cama devido à uma fratura no fêmur.
Tenho planos de postar algumas receitas da nossa mãe nesse blog, espero um dia fazê-lo. Mas, conto com a colaboração de todos para isso, afinal imagino que todos gostariam de ter acesso à essas receitas maravilhosas.
Tudo isso é para explicar o porque deste post de hoje. Trata-se de uma piadinha que traduz bem o way of life italiano, espero que gostem!! Essa colaboração veio da número quatro.

Amici miei, questo sonno io, italianissimo. Vedette ancora....

Sapete come sono i figli americani e come sono gli italiani?
Allora sentite bene:

Filhos Americanos: Saem de casa aos 18 anos com total apoio dos pais..
Filhos Italianos: Saem de casa aos 35 anos, depois de poupar o suficiente para comprar casa e pagar duas semanas de lua de mel quando casarem... Mesmo assim, mantém um quarto na casa dos pais para os fins-de-semana.

Filhos Americanos: Quando a mãe os visita leva um bolo, os filhos servem café e eles conversam.
Filhos Italianos: Quando a mamma os visita, leva comida para 3 dias, lava e passa roupa, limpa e arruma a casa.

Filhos Americanos: Os pais sempre avisam quando vão visitá-los e isto acontece só em ocasiões especiais.
Filhos Italianos: Eles nunca sabem quando os pais vão aparecer às oito da manhã de sábado e começar a podar as suas árvores frutíferas. E, se não houver árvores frutíferas, eles plantam.

Filhos Americanos: Sempre pagam aluguel e procuram nas páginas amarelas quando precisam de algum serviço.
Filhos Italianos: Ligam para os pais e tios, pedindo o telefone de outros pais/tios que possam saber do serviço que eles precisam

Filhos Americanos: Visitam os pais para comer um bolo com café - e fazem só isso, mais nada.
Filhos Italianos: Visitam os pais para tomar um café, comer bolo, antipasto, vinho, um bom prato de massa, carne, salada, pão, sobremesa, frutas, expresso e uns drinks após o jantar.

Filhos Americanos: Cumprimentam os pais com "Oi" e "Olá".
Filhos Italianos: Cumprimentam os pais com um grande abraço, beijos e tapinhas nas costas.

Filhos Americanos: Tratam os pais por sr. e srª.
Filhos Italianos: Tratam os pais por mamma e babbo..

Filhos Americanos: Nunca viram os pais chorar.
Filhos Italianos: Choram junto com os pais.

Filhos Americanos: Devolvem o que pedem emprestado aos pais em poucos dias.
Filhos Italianos: Ficam com as coisas que emprestam dos pais por tanto tempo que os pais esquecem que são deles.

Filhos Americanos: Quando o jantar acaba vão para casa.
Filhos Italianos: Quando o jantar acaba ficam horas conversando, rindo ou simplesmente confraternizando.

Filhos Americanos: Sabem pouco sobre os pais.
Filhos Italianos: Podem escrever um livro sobre os pais.

Filhos Americanos: Comem sanduíches de manteiga de amendoim, geléia e pão de forma branco.
Filhos Italianos: Comem sanduíche de salame, queijo colonial, pão caseiro, crostoli, conservas...

Filhos Americanos: Deixam você para trás se é isto que a maioria está fazendo.
Filhos Italianos: Não lhe abandonam mesmo que a grande maioria ache normal abandonar.

Filhos Americanos: São amigos do momento.
Filhos Italianos: São amigos por toda vida.

Filhos Americanos: Gostam de Rod Stewart e Steve Tyrell.
Filhos Italianos: Gostam de Laura Pausini e Andrea Bocelli

Filhos Americanos: Vão ignorar esta mensagem.
Filhos Italianos: Vão repassar per tutti gli amici oriundi

domingo, 22 de maio de 2011

O irmão número dois

Nossa mãe dizia que quando estava grávida do número dois, sempre ouvia no rádio um programa de uma pessoa que ela considerava muito inteligente, assim, decidiu dar seu nome ao bebê. Interessante é que é difícil imaginar que essa sua idéia poderia dar certo, mas não é que funcionou! Analisando friamente alguns diriam que ele é totalmente razão, mas eu afirmo: ele é uma das pessoas mais inteligentes que conheço com um enorme coração. Talvez até, se ele pudesse escolher preferiria não ser tão sensível e ter um coração desse tamanho para não sofrer, mas tem! Na minha concepção, uma pessoa inteligente tem coração enorme pois naturalmente ela será uma pessoa justa, honesta, que respeita e ama seu próximo, e ele é tudo isso e talvez mais um pouco...
Sempre tive admiração e respeito enormes por ele, sabe aquela criança que nunca brigava com ninguém, que não gostava de mascar chiclete? Isso era o máximo para mim. Muitas vezes eu chegava da escola com dúvidas monstruosas, que jamais conseguiria entender, mas os meus super irmãos números dois e três faziam essas dúvidas se transformarem nas coisas mais simples do mundo! Quando eles terminavam de me explicar a matéria tão nebulosa eu dizia: era isso que o professor queria dizer? Não acredito... Eles tinham esse poder e eu me sentia a pessoa mais sortuda por tê-los como irmãos, pois pobres daqueles que não os tinham em casa para ajudá-los.
Esse meu super irmão também tinha resposta sábias para minhas perguntas. Meu primeiro amiguinho era nissei. Eu ficava maravilhada vendo ele e seu pai conversando em japonês. Um dia cheguei sismada e perguntei ao meu irmão como meu amiguinho podia entender o que o pai dele falava em japonês. Então veio uma resposta surpreendente: você não entende o que seu pai fala? Então ele também entende o que o pai dele fala, ué! Essa resposta foi tão surpreendente que lembro dela até hoje!
Um dia nossa mãe, já cansada com a bagunça no quarto dele pediu que ele guardasse as coisas e que mantivesse o seu quarto arrumado, então ele respondeu: mãe, imagine que a porta do quarto é a porta do armário, então já está tudo guardado!!
Quando ele estava no primeiro ano, sempre nossa mãe recebia reclamações da professora porque ele sempre dormia na aula e que não tinha o menor interesse pelo estudo. Pouco tempo antes do final do ano nossa mãe foi avisada que ele seria reprovado. Então ela prometeu a ele que se conseguisse ser aprovado ela lhe daria uma bicicleta. Adivinhem o que aconteceu... claro que ele conseguiu a bicicleta, ora!
Nossa mãe adorava contar que quando ele era bem pequeno ainda, era muito engraçadinha a forma como ele falava as coisas no diminutivo. Por exemplo, sapatinho para ele era sapatotinho. Quando alguém pedia para ele falar o diminutivo das palavras, ele já soltava vários pois sabia que iriam perguntar outros, então ele respondia: sapatotinho, bonecaquinha, salsichachinha. Era a sensação!
Nossa mãe também falava que ele era pior do que o fradinho, um personagem de estórias em quadrinhos que insistia tanto nas coisas até vencer pelo cansaço. Ela dizia que tinha trauma de certa vez que ele queria um foguetinho. Ela dizia que naquele dia, ele a perseguiu o dia todo pedindo para ela comprá-lo. Dizia que chegou uma hora que era só ela olhar para ele que ele dizia: mas é só 1,99 mãe!
Uma das boas lembranças que guardo é eu, ele e nossa mãe conversando na cozinha da nossa casa. Ele me explicava porque o avião voava, como a geladeira gelava e muitas outras coisas interessantes. Ele é assim, em uma conversa normal explica de uma forma super simples coisas que parecem impossíveis de entender. Além disso, guardo comigo vários conselhos que me dava quando pedia ajuda a ele.
Uma lembrança marcante foi quando comemorávamos a minha aprovação no vestibular. Lembro que ele não estava feliz. Quando perguntei a ele o porque, respondeu que achava que eu devia fazer outro curso pois aquele não era reconhecido como superior e que eu enfrentaria dificuldades mais tarde. Mais uma vez ele estava certo, mas o interessante foi, em meio a toda aquela alegria e comemoração, ele ter a coragem de assumir o que pensava de verdade. Poderia até ter ficado chateada, mas sabia que ele estava preocupado com meu futuro.
Ele e o número três adoravam dar uma de machista. Quando viam barbeiragens no trânsito comentavam: só podia ser mulher! Um dia disse a ele: engraçado, vocês vivem criticando mulheres no trânsito então por que falam para eu fazer a carteira de motorista? Querem mais uma mulher no trânsito? Então soltou mais uma de suas pérolas: você é inteligente porque é minha irmã. Não sabia como me sentir: lisonjeada com o elogio ou louca da vida pela sua cara de pau.
Ele foi meu professor na faculdade, não preciso dizer que o melhor professor que já tive na vida! Era emocionante vê-lo entrar na sala para dar aula, o orgulho era grande, dava vontade de falar aos outros alunos: vejam, é o meu irmão!!! Como sempre foi maravilhoso!! Tive que aguentar muita brincadeira por parte dos meus colegas, diziam que eu já tinha visto a prova antes da hora, pediam para eu contar as questões, etc. Depois, alguns anos mais tarde foi meu chefe indireto. Um dia ouvi o seguinte de uma pessoa que era sua subordinada: agora que seu irmão é meu chefe estou tranquila, pois sei que se ele tomar alguma decisão contra mim, ele estará sendo justo. Isso foi uma das coisas mais bonitas que já ouvi, mais ainda porque veio de uma subordinada sua, foi muito legal!!
Graças a Deus, ele é um dos raros casos de pessoas inteligentes, competentes, batalhadoras que foram reconhecidas. Foi super bem sucedido na sua vida profissional além da pessoal. Acho que nunca o vi tão emocionado como no dia em que nasceu sua primeira filha e sua alegria quando sabia que seria pai na gravidez de seus outros filhos.
Tem muitas outras estórias, mas com essas acho que consegui dar a vocês uma idéia de como, na minha concepção, é o meu irmão número dois!!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Como postar comentários

Olá pessoal.
Parece que algumas pessoas estão tendo dificuldade para postar comentários no blog. Adoro receber comentários sobre o que tenho escrito, portanto decidi tentar ajudar essas pessoas. Vou tentar fazer um passo a passo, espero que fique claro, qualquer dúvida, por favor peça ajuda.
1. após escrever o comentário, escolha um perfil, por exemplo, conta do google.
2. logar-se na conta do google. Por exemplo:
mail: fulano@gmail.com (o seu e-mail, atenção, não escreva fulano se seu e-mail não for fulano)
senha: senha da sua conta google.
3. copie os 4 caracteres que aparecem em um quadrinho.
4. click em postar comentário.
Pronto, seu comentário deve estar publicado nesse ponto se você fez tudo certinho. Senão volte ao passo 1. Senão peça ajuda...senão ...
Vamos lá, todos escrevendo comentários...
Depois vou conferir quem conseguiu...
Se não tiver comentários seus vamos deduzir que não fostes capaz, ok? rsrsrs
Preparados?
Já...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Os sete filhos de Geny

Hoje vou falar um pouco sobre os sete filhos de Geny, mas, gostaria de ressaltar, que é conforme a minha ótica de acordo com a interpretação que dei às várias estórias que ouvi ao longo do tempo.
Mas, acima de tudo, quero declarar o meu grande amor por todos!
Hoje sei que cada um tem um jeito de ser e, espero ter aprendido a aceitar o jeito de cada um e a dar mais valor ao seu lado bom.
Amo vocês!!
Acredito que as muitas dificuldades por que passamos, criaram um vínculo muito forte entre todos, e, embora às vezes não pareça, até mais forte do que na maioria das famílias.

A número Um

A irmã número um, Ia para mim, é como todo filho número um de qualquer família. Acredito que o primeiro a nascer sempre é esperado de forma diferente, com maior ansiedade, já que os pais ainda não têm a menor idéia da carinha que vai ter, de como vai ser cuidar de um bebê, além de que antigamente não existia ultrasonografia, portanto até o sexo do bebê era desconhecido até o momento do nascimento. Essa ansiedade não é só dos pais, mas também dos avós e tios. Isso tudo contribui para que a própria criança seja diferente dos demais, acredito eu. O bom disso é que a auto estima dessa criança é alta, ótimo quando é na medida certa pois esse fato é bastante positivo durante toda a vida dessa pessoa. Depois de nascer, o número um é o bebê mais lindo, mais inteligente, mais esperto, etc do que qualquer outro. Muitas vezes é verdade, pois ele conta com a dedicação e atenção integral de todos os adultos que vivem a sua volta.
A minha irmã número um era para mim, a mais linda e mais inteligente, pois a via como meus pais a viam. Assim, ela sempre foi para mim um exemplo em quem sempre me espelhei, ou seja, ser bonita era ser como ela, ser inteligente era realizar as coisas que ela realizava. Então, adorava as coisas dela. Lembro de um sapato branco de verniz dela que eu amava, e quando ela não estava em casa eu usava. Mas, como sou oito anos mais nova, o sapato não servia direito, colocava algodão na ponta, e muito menos combinava com minhas roupas, então era muito engraçado. Usei o vestido de jersey de noiva dela em muitas festas de quinze anos e bailes de debutantes, me achava o máximo. Isso tudo foi muito positivo, pois ela sempre foi boa aluna e muito esforçada, pois acredito queria fazer jus às expectativas que todos tinham sobre ela. Ela e nossa mãe sempre iam juntas ao cinema, não sei por que mas, até hoje me lembro das duas chegando em casa numa noite fria após assistir ao filme "Dr. Jivago". Eu achava lindo o fato de ela sair com nossa mãe como duas amigas. Até o dia em que eu e nossa mãe fomos assistir ao filme "Horizonte Perdido", só nós duas, como aquele dia em que elas tinham ido assistir ao filme "Dr. Jivago", nossa aquele dia tinha chegado para mim e eu estava muito feliz!!
Em 1968 a número um participou de um programa de intercâmbio, passando um ano nos Estados Unidos. Eu me sentia celebridade, pois naquele tempo tinha uma irmã nos Estados Unidos. A cidade inteira parece que sabia e me paravam para perguntar notícias dela. Uma vez por semana íamos à Campinas falar com ela na casa de um radio amador, era muito chique!! E as coisas diferentes que ela trouxe? o usimaguzi (não tenho a menor idéia de como se escreve isso), era um boneco feito de um material meio gosmento. Quando levava escondido na escola era a maior sensação!! me sentia importante pois ninguém tinha um igual. Isso tudo me influenciou no sentido de querer viajar para o exterior. Essa influência foi também bastante positiva na minha vida pois serve de estímulo para lutar para conseguir realizar esses sonhos.
Uma lembrança boa que tenho, aconteceu numa páscoa, ela quis fazer uma brincadeira que costumavam fazer na casa dela nos Estados Unidos. Ela escondeu ovinhos de chocolate pela casa toda. Quem encontrasse mais ovinhos ganharia um prêmio. A farra foi tão grande que não me lembro qual era o prêmio e nem quem ganhou, foi muito legal!!
Dentre tantas estórias, lembro quando me levava à piscina do clube Jundiaiense. Após me vestir ela falava para eu esperar enquanto ela se vestia. Eu sempre acabava chorando até que alguém me levasse para junto dela. Quando andávamos a pé na rua, eu tinha que andar rápido e ela ia falando: endireita os pés! era um sufoco.
Além dessas tem muitas outras estórias que pretendo ainda contar a vocês... aguardem!
Mais tarde, nasceu meu primeiro sobrinho, também filho da número um, outro acontecimento marcante na família.
Hoje ela tem título de PHD em Psicologia. É uma profissional super bem sucedida. Tem muito me ajudado com conselhos e papos cabeça. Além de também ajudar muitas outras pessoas.
Por favor, perdoe a análise que me arrisquei a fazer, mas, como disse é a minha maneira de ver...
Na próxima oportunidade falarei sobre o número dois, vale a pena conferir...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Tratamento dentári com Dr Milton

Ai, que dor!! rsrsrsr
Lembro que fiz um tratamento dentário com Dr Milton (acho que ele era meio parente nosso né?)... durou uns 2 anos pra terminar rsrsrsr!! Isso porque eu detestava ir ao dentista (como detesto até hoje) e sempre tinha uma desculpa nova pra enrolar e não ir, as vezes dava certo, as vezes a mãe não aceitava e me mandava ir! ok, lá ia eu prá forca rsrsrsrs! Eu tinha que chegar bem cedo prá pegar lugar pra ser atendida, e a mãe chegava depois do trabalho. Se por acaso chegava a minha vez e ela não tinha chegado ainda, nem precisava dizer! Colocavam alguém no meu lugar afinal, 2 anos de tratamento (se não foi mais) me fez ficar figurinha carimbada naquele consultório rsrsrse e já me conheciam direitinho.
Mas tinha suas partes boas: quando a mãe chegava, ela sempre trazia palavras cruzadas para ela e um Picolé (palavras cruzadas para criança) para mim! E daí eu ficava do ladinho da minha protetora, fazendo palavras cruzadas como ela, esperando o atendimento. Como tudo naquela época, no fundo era bom! Momentos com ela sempre eram bons!!
Dormir no colo dela era ótimo, e fiz tanto isso!!
Ah lembro muito de ir com a mãe até o Gabinete trocar livros, lembro perfeitamente de um dia que chovia muito!! e fomos e voltamos naquela chuva! a mãe tinha uma capa de chuva que a deixava muito elegante! Aliás ela SEMPRE estava super elegante!! Daí trocávamos nossos livros: livros policiais para ela e livros infantis prá mim que na capa tinha figuras que se mexiam conforme eu mexia o livro! rsrsrs
Ai ai lembranças boas!!
beijo
Cláu

Meu primeiro exame de sangue

E vcs acham que meu primeiro exame de sangue foi ruim??? Vcs estão redondamente enganados!!! foi um dos dias mais deliciosos que tive!! Por várias razões, calma!! vou explicar rsrsrsr
Primeira razão: a mãe foi comigo!!! Ela não foi trabalhar aquele dia (ou foi mais tarde) e fomos só eu e ela ao laboratório!
Segunda razão: todos conheciam a mãe no laboratório que fomos (será que era porque ela trabalhava no INPS?) ah, era um orgulho só!!! Me senti a filha da Presidenta no dia da posse!!!
Terceira razão e mais marcante: Depois do exame de sangue, como eu estava em jejum, a mãe me levou prá tomar vitamina na Paulicéa!!! Vcs imaginam o que é isso? Eu nunca tinha sentado no banquinho de uma lanchonete e, lá estava eu, e com ELA ao meu lado! Ai, lembro o gostinho daquela vitamina de leite com frutas!
Nesta época a mãe usava cabelo escuro, e enrolava com bobs e ficava todo arrumado, e ela estava usando uma saia que tinha uma fenda na frente... mas infelizmente não lembro a cor da blusa! Independente de não lembrar a cor da vlusa, para mim ela estava vestida como uma RAINHA!! e eu era a PRINCESA toda orgulhosa!
Quarta razão: Naquele dia não fui na escola rsrsrsr a mãe me deixou faltar!!!

Beijos
Cláu

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Motivação do blog

Há anos pensava em escrever um livro sobre a estória da nossa família, tendo como figura central a nossa mãe. Pensava que certos fatos não poderiam se perder no tempo, tinham que ser registrados. Todavia, como o leitor pode perceber, a minha forma de escrever parece mais relatórios ou artigos técnicos do que propriamente um romance. Acredito que o formato de romance seria mais elegante, cativante, e próprio para esse conteúdo. Porém, achei preferível escrever no formato que posso, pois foi o único jeito de concretizar a idéia.
Nessa era que vivemos só se fala em orkut, facebook, mail e blog. Então surgiu a idéia de criar esse blog para esse fim. O interessante é que à medida que escrevo e recebo comentários, como por exemplo o comentário feito pela cunhada senhora número dois, descubro mais razões para a existência desse blog. Primeiro, que a essa altura já não tenho mais esperança de escrever um livro, então, pelo menos um blog vou deixar. A segunda razão é que fico imaginando se nossos pais, avós, bisavós, ...  tivessem tido uma oportunidade e facilidade como essa, adoraria poder saber da estória de suas vidas em detalhes e contadas por eles própeios. Esse blog é aberto a todos, portanto, todos podem registrar idéias, conselhos, receitas, fotos, vídeos, lembranças, comentários, declarações, elogios, críticas que desejem que se perpetue no tempo. Você não acha uma ótima razão? Acredito também que possa servir para resgatarmos a criança que existe dentro de nós relembrando as estórias da infância, assim, unindo mais a nossa família. Mais uma razão é que as pessoas poderão se conhecer e entender melhor. Podemos também deixar receitas, fotos,, músicas, vídeos para as gerações futuras. Eles poderão, por exemplo, fazer o pão de minuto, muito bem lembrado pelo Naldo, que a Di fazia.
Assim, deixo aqui o meu apelo para que se anime e usem e abusem desse blog. Se animem e se divirtam postando ou lendo, cozinhando, ou só vendo fotos e vídeos ou cantando as músicas. Não deixem esse blog morrer, garanto que as gerações futuras agradecerão!
Esse blog para mim é como se mantivéssemos a Di entre nós, pois nos faz lembrar, rir, contar e falar dela. Isso é muito importante e muito bom!!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Carinhos da Di

Épocas de festas sempre me remetem ao passado. Essa volta ao passado me traz lembranças boas, ruins e boas e ruins ao mesmo tempo. Vou explicar melhor: as lembranças boas normalmente estão relacionadas com a infância quando as festas eram bastante divertidas e alegres. Mas, ao mesmo tempo, essas mesmas lembranças nos causam uma pontinha de dor quando nos fazem sentir saudade de pessoas amadas que já viraram estrelas no céu. Da mesma forma há as lembranças tristes relacionadas a acontecimentos tristes ocorridos na época. Todavia, vou me ater somente às lembranças boas.
Uma lembrança marcante do Natal diz respeito a um papai Noel de chocolate que nossa mãe jamais deixava de nos dar. Ela comprava na padaria e confeitaria "A Paulicéa" na rua Barão de Jundiaí. O papai Noel media aproximadamente 15cm e vinha dentro de um saquinho de plástico transparente. O cabelo, a barba, o pompom do gorro e os enfeites da roupa eram feitos de chocolate branco. O sabor é indescritível, nunca mais comi um chocolate com aquele sabor delicioso, aliás, hoje não existe nada parecido. Era um sabor mágico.
Essa lembrança do papai Noel de chocolate me transporta no tempo e traz à tona outras lembranças felizes que me fazem muito bem.
A nossa mãe era assim: cheia de caprichos e carinhos para com os filhos.
As nossas roupas todas eram confeccionadas por ela. Tudo com enfeites: bordados, pele na gola e/ou punhos, babados, etc. Os casacos de lã eram confeccionados à mão ou máquina. Os filhos 2 e 3 e as filhas 4 e 5 normalmente vestiam roupas iguais. Observe a foto abaixo:


Nessa foto aparecem os filhos de números entre um e cinco. A minha blusa era vermelha feita com o ponto de tricô chamado casinha de abelha em azul e branco. A blusa da número quatro era azul claro. Os casacos dos meninos tinham a gola feita de pele sintética. Tudo confeccionado pela nossa mãe, lindos não é? Lembro-me bem de uma fita de veludo azul marinho bordada para usar na cabeça muito linda!!
Tudo o que ela fazia era planejado e executado com muito amor e carinho!
Para nos sentarmos à mesa ela comprou 5 banquinhos, um de cada cor. A ordem era: branco para a filha número um, preto para o número dois, verde para o numero três, cinza para o número quatro, vermelho para a número cinco. O número seis e sete ainda não tinham nascido.
Os copos com canudinho eram de plástico cor de rosa. Ela escreveu a inicial do nome de cada um embaixo do copo com esmalte de unha também cor de rosa.
Ás vezes ela tinha que ir à São Paulo fazer compras de lã ou materiais para suas confecções ou para levar um de nós ao médico. Ficávamos ansiosos aguardando sua volta, pois sabíamos que ela traria frutinhas de marzipan, balas com recheio de doce de leite e línguas de gato Koppenhagen. Não existem mais frutinhas de marzipan Koppenhagen e o sabor das balas e línguas de gato não se assemelham em nada com aquelas que ela nos trazia.
Nos aniversários não faltava bolo com recheio de leite condensado cozido e ameixas pretas cozidas. Era servido também pão de forma cortado em triângulos recheado com patês variados. Para acompanhar a bebida era ki-suco. A decoração era feita com bexigas coloridas.
Todo sábado, obrigatoriamente no almoço, a mistura era bife à milanesa que, segundo a minha cunhada senhora número dois, de um kilo de carne ela fazia uma infinidade de bifes fininhos e deliciosos.
No inverno, à noite, ela servia chocolate quente maravilhoso.
Quando sobrava arroz no almoço já sabíamos que teríamos bolinhos de arroz ou arroz doce no dia seguinte.
Se sobrava feijão, à noite teríamos sopa de feijão ou salada de feijão bem temperadinha para comer com pão no jantar. Com sobras de músculo, sabíamos que ela também fazia salada bem temperadinha para comermos com pão, uma maravilha!
Tudo era válido em termos de economia. Ela tinha um cinzeiro ao lado do fogão onde, após acender o fogo do fogão ela depositava o palito usado. Depois o palito era reutilizado até o seu fim. O pão velho era torrado e virava farinha de rôsca. A massa de macarrão, pastel, lasagna, pizza era feita em casa. Interessante é que ela pendurava a massa de lasagna no varal para secar. O gnochi era super leve. Ela fazia questão de dizer que o segredo é usar bastante batatas e pouca farinha. A farinha é que deixa o gnochi pesado e a batata não pode soltar muita água.
A maionese também era feita por ela. Aliás, é impossível descrever o sabor da salada de maionese feita por ela, maravilhosa! Como também outras coisas : esfiha; tortas de limão, frango, maçãs; sopas de feijão, ervilhas, cebola, canja, legumes; bolos de beringela, cenoura, pão de ló, chocolate; bolinho de chuva; manjar de coco; doces de leite, abóbora, mamão verde, pêssego; licor de figo; suspiros; pudim de pão; pão de minuto; etc.
Para acompanhar as refeições ela servia sangria: vinho, água e açúcar. Tinha sempre um garrafão de vinho em casa. Às vezes tomávamos ki-suco também.
No Natal não podia faltar: pernil, tender, perú, a coitadinha da leitoa sorrindo com a maçã na boca. Mas, o que dava mesmo briga era o lombo ao molho agridoce. Sobremesa era salada de frutas, uma loucura!
Na Páscoa ganhávamos sempre ovos de chocolate. A minha irmã número sete sempre comenta que em tempos difíceis a nossa mãe comprava um ovo do maior que tinha. Então, ela rifava esse ovo. Para vender os números da rifa ela dizia: compre um número para ajudar uma pobre mãe com sete filhos para criar. Assim, ela pagava os nossos ovos. Até para isso ela tinha bom humor. Mas, todos sabiam que a pobre mãe era ela própria e levavam na esportiva. Teve um ano que ela inventou de fazer uma brincadeira com o meu irmão número seis. Ela embrulhou um mamão com se fosse um ovo de páscoa. Ela sempre entrava em nossos quartos de madrugada e depositava o ovo de páscoa ao pé da cama. Quando o número seis viu o tamanho do ovo dele quase morreu de alegria. Mas, essa alegria se tornou tristeza na mesma proporção quando ele abriu o ovo e descobriu o mamão. A tristeza foi tão grande que causou remorso para a nossa mãe, ela nem gostava de lembrar dessa estória depois que passou o trauma.
Tinham também os remédios caseiros: dor de garganta ela curava com pasta de limão com açucar que o Dr. Cid a ensinou. Dor de barriga de qualquer espécie era curada com leite de magnésia. Para gripe ela fervia o leite e colocava um pouco de cognac. Para ela, um dedo de cachaça misturada com um dedo de suco de limão era tiro e queda como sempre dizia.
Tudo era tão caprichado que até as fatias de pão que ela cortava eram mais gostosas e faziam com que eu e minha irmã número quatro brigássemos para ganhar.
Sempre que ela comprava balas, biscoito ou outras guloseimas a número sete era a responsável por dividir em sete montinhos, um para cada. Tudo era dividido igualmente. Só o irmão número três que sempre tentava inventar que tinha ganhado menos, que ainda não tinha ganhado e outras desculpas para ganhar mais.
É triste não tê-la mais por perto, mas é maravilhoso lembrar o amor que ela dedicava a seus filhos. Ela nos deixou uma lição de doação ao próximo com amor e felicidade nessa doação. Fico feliz por tê-la conhecido e convivido com ela e, mais ainda, como sua filha.
Disso tudo aprendi 3 lições muito importantes: curtir muito as pessoas, festas, a vida enquanto estão todos saudáveis e as coisas estão bem; ser muito agradecido a Deus enquanto temos saúde e podemos dar uma vida boa, saudável e educação a nossos filhos; e procurar viver feliz para amenizar a dor de outras pessoas. A felicidade se resume em mudar as coisas que podemos; aceitar as coisas que nada podemos fazer a respeito e procurar ter a sabedoria para saber a diferença entre as duas coisas!!