sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Noite de Natal

Minha mãe adorava nos contar estórias de nossas vidas e eu adorava ouvir. Ela era muito alegre e, toda vez que contava uma estória, se divertia muito relembrando. Aliás, qualquer acontecimento virava uma estória que sabíamos que íamos ouvir diversas vezes durante muito tempo!!
Na época de Natal não há como não lembrar dessa estória que irei contar.
Foi um dia bastante atribulado, pois, como todos os anos, tinha que preparar a ceia. Por sorte, os presentes das crianças já estavam embrulhados e as crianças já estavam de banho tomado.
Ao anoitecer, começaram as contrações. Não queria estragar a festa da família, mas pensava: ganhar um bebê na noite de Natal seria estupendo! Procurava disfarçar quando sentia contrações para que ninguém notasse. 
As festas da família eram ótimas. Por volta das 22 horas, um tio saía com as crianças para ver os enfeites de Natal da cidade e das lojas. Todo ano quando retornavam, o Papai Noel tinha acabado de passar. Como as crianças não estavam, ele sempre decidia deixar os presentes, pois tinha ainda muitas casas para visitar, esse sempre era o motivo por ter passado mais cedo.
Tio Guara falava para as crianças: quem não cantar a música "Noite Feliz" certinho não ganha presente. Imagine o medo das crianças, assim todos se empenhavam para fazer o seu melhor!!!
A cada presente que tio Guara pegava para entregar, ele fazia uma brincadeira e todos se divertiam muito. Guardo esses momentos no coração, me lembro da sensação nessa hora, eram momentos mágicos!!!
A festa ia até o amanhecer com todos: tios, tios avós, primos, amigos tocando violão e cantando. O repertório era dos mais variados desde música caipira até MPB para agradar a todos os gostos. Nossa família tinha muita influência italiana da minha bisavó e era muito animada.
No entanto, para a minha mãe a festa naquele ano seria diferente. As contrações estavam ficando mais fortes e mais frequentes. Achou melhor colocar os presentes embaixo da árvore de Natal e deixar a mesa arrumada para a ceia.
Não teve jeito, às 22 horas pediu a meu pai que a levasse para o hospital. Por volta de 22:30h, minha mãe e avó Nenê chegaram ao hospital. Irmã Verõnica veio atendê-la. Após examiná-la disse que ainda não era a hora e que ela voltasse para a casa. Minha mãe, mais do que depressa respondeu: é meu quinto filho e sei que já está na hora de nascer. Então, a essa altura da estória ela comentava: "Sabem por que ela disse que não estava na hora? Porque não queria perder a missa do Galo!! Imaginem!!"
Já eram 23 horas quando a irmã Verônica decidiu aplicar uma injeção para apressar o parto. Então, segundo minha mãe, no momento em que ela se virou para aplicar a injeção, o nenê não nasceu, mas pulou. Então ela comentava, essa nunca me deu trabalho, nem para nascer!!!
Quando vovó soube que era menina logo se adiantou e disse: vai chamar Natalina. Minha mãe já havia decidido, caso fosse menina, chamaria Ana como as outras duas: Ana Maria e Ana Rita. Então pensou: hum, Ana Natalina? não, acho que não.
Essa estória teve um final feliz, pois além de dar tempo para a irmã Verônica e a minha avó Nenê irem satisfeitas assistir a missa do galo, o nome escolhido para a nenê foi, 'thanks God", Ana Silvia.
Essa é a minha estória preferida pois se trata do dia do meu nascimento.
Todos os anos ela só me cumprimentava pelo meu aniversário às 23 horas, e então cantavam o Parabéns a você. Chorei muitas vezes porque só havia um presente para mim.

Um comentário:

  1. linda linda linda!! que pena que eu não participava desses momentos!!
    a estória de levar as crianças para ver as luzes da cidade e o Papai Noel chegar perdurou até os netos da mãe, eu fazia isso todo ano com as crianças- a Ana Paula outro dia mesmo falou que já estava na cara que era tudo estória... rsrsrsr

    Vc escreve muito bem!!

    Cláu

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