domingo, 9 de janeiro de 2011

Tratamento dentári com Dr Milton

Ai, que dor!! rsrsrsr
Lembro que fiz um tratamento dentário com Dr Milton (acho que ele era meio parente nosso né?)... durou uns 2 anos pra terminar rsrsrsr!! Isso porque eu detestava ir ao dentista (como detesto até hoje) e sempre tinha uma desculpa nova pra enrolar e não ir, as vezes dava certo, as vezes a mãe não aceitava e me mandava ir! ok, lá ia eu prá forca rsrsrsrs! Eu tinha que chegar bem cedo prá pegar lugar pra ser atendida, e a mãe chegava depois do trabalho. Se por acaso chegava a minha vez e ela não tinha chegado ainda, nem precisava dizer! Colocavam alguém no meu lugar afinal, 2 anos de tratamento (se não foi mais) me fez ficar figurinha carimbada naquele consultório rsrsrse e já me conheciam direitinho.
Mas tinha suas partes boas: quando a mãe chegava, ela sempre trazia palavras cruzadas para ela e um Picolé (palavras cruzadas para criança) para mim! E daí eu ficava do ladinho da minha protetora, fazendo palavras cruzadas como ela, esperando o atendimento. Como tudo naquela época, no fundo era bom! Momentos com ela sempre eram bons!!
Dormir no colo dela era ótimo, e fiz tanto isso!!
Ah lembro muito de ir com a mãe até o Gabinete trocar livros, lembro perfeitamente de um dia que chovia muito!! e fomos e voltamos naquela chuva! a mãe tinha uma capa de chuva que a deixava muito elegante! Aliás ela SEMPRE estava super elegante!! Daí trocávamos nossos livros: livros policiais para ela e livros infantis prá mim que na capa tinha figuras que se mexiam conforme eu mexia o livro! rsrsrs
Ai ai lembranças boas!!
beijo
Cláu

Meu primeiro exame de sangue

E vcs acham que meu primeiro exame de sangue foi ruim??? Vcs estão redondamente enganados!!! foi um dos dias mais deliciosos que tive!! Por várias razões, calma!! vou explicar rsrsrsr
Primeira razão: a mãe foi comigo!!! Ela não foi trabalhar aquele dia (ou foi mais tarde) e fomos só eu e ela ao laboratório!
Segunda razão: todos conheciam a mãe no laboratório que fomos (será que era porque ela trabalhava no INPS?) ah, era um orgulho só!!! Me senti a filha da Presidenta no dia da posse!!!
Terceira razão e mais marcante: Depois do exame de sangue, como eu estava em jejum, a mãe me levou prá tomar vitamina na Paulicéa!!! Vcs imaginam o que é isso? Eu nunca tinha sentado no banquinho de uma lanchonete e, lá estava eu, e com ELA ao meu lado! Ai, lembro o gostinho daquela vitamina de leite com frutas!
Nesta época a mãe usava cabelo escuro, e enrolava com bobs e ficava todo arrumado, e ela estava usando uma saia que tinha uma fenda na frente... mas infelizmente não lembro a cor da blusa! Independente de não lembrar a cor da vlusa, para mim ela estava vestida como uma RAINHA!! e eu era a PRINCESA toda orgulhosa!
Quarta razão: Naquele dia não fui na escola rsrsrsr a mãe me deixou faltar!!!

Beijos
Cláu

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Motivação do blog

Há anos pensava em escrever um livro sobre a estória da nossa família, tendo como figura central a nossa mãe. Pensava que certos fatos não poderiam se perder no tempo, tinham que ser registrados. Todavia, como o leitor pode perceber, a minha forma de escrever parece mais relatórios ou artigos técnicos do que propriamente um romance. Acredito que o formato de romance seria mais elegante, cativante, e próprio para esse conteúdo. Porém, achei preferível escrever no formato que posso, pois foi o único jeito de concretizar a idéia.
Nessa era que vivemos só se fala em orkut, facebook, mail e blog. Então surgiu a idéia de criar esse blog para esse fim. O interessante é que à medida que escrevo e recebo comentários, como por exemplo o comentário feito pela cunhada senhora número dois, descubro mais razões para a existência desse blog. Primeiro, que a essa altura já não tenho mais esperança de escrever um livro, então, pelo menos um blog vou deixar. A segunda razão é que fico imaginando se nossos pais, avós, bisavós, ...  tivessem tido uma oportunidade e facilidade como essa, adoraria poder saber da estória de suas vidas em detalhes e contadas por eles própeios. Esse blog é aberto a todos, portanto, todos podem registrar idéias, conselhos, receitas, fotos, vídeos, lembranças, comentários, declarações, elogios, críticas que desejem que se perpetue no tempo. Você não acha uma ótima razão? Acredito também que possa servir para resgatarmos a criança que existe dentro de nós relembrando as estórias da infância, assim, unindo mais a nossa família. Mais uma razão é que as pessoas poderão se conhecer e entender melhor. Podemos também deixar receitas, fotos,, músicas, vídeos para as gerações futuras. Eles poderão, por exemplo, fazer o pão de minuto, muito bem lembrado pelo Naldo, que a Di fazia.
Assim, deixo aqui o meu apelo para que se anime e usem e abusem desse blog. Se animem e se divirtam postando ou lendo, cozinhando, ou só vendo fotos e vídeos ou cantando as músicas. Não deixem esse blog morrer, garanto que as gerações futuras agradecerão!
Esse blog para mim é como se mantivéssemos a Di entre nós, pois nos faz lembrar, rir, contar e falar dela. Isso é muito importante e muito bom!!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Carinhos da Di

Épocas de festas sempre me remetem ao passado. Essa volta ao passado me traz lembranças boas, ruins e boas e ruins ao mesmo tempo. Vou explicar melhor: as lembranças boas normalmente estão relacionadas com a infância quando as festas eram bastante divertidas e alegres. Mas, ao mesmo tempo, essas mesmas lembranças nos causam uma pontinha de dor quando nos fazem sentir saudade de pessoas amadas que já viraram estrelas no céu. Da mesma forma há as lembranças tristes relacionadas a acontecimentos tristes ocorridos na época. Todavia, vou me ater somente às lembranças boas.
Uma lembrança marcante do Natal diz respeito a um papai Noel de chocolate que nossa mãe jamais deixava de nos dar. Ela comprava na padaria e confeitaria "A Paulicéa" na rua Barão de Jundiaí. O papai Noel media aproximadamente 15cm e vinha dentro de um saquinho de plástico transparente. O cabelo, a barba, o pompom do gorro e os enfeites da roupa eram feitos de chocolate branco. O sabor é indescritível, nunca mais comi um chocolate com aquele sabor delicioso, aliás, hoje não existe nada parecido. Era um sabor mágico.
Essa lembrança do papai Noel de chocolate me transporta no tempo e traz à tona outras lembranças felizes que me fazem muito bem.
A nossa mãe era assim: cheia de caprichos e carinhos para com os filhos.
As nossas roupas todas eram confeccionadas por ela. Tudo com enfeites: bordados, pele na gola e/ou punhos, babados, etc. Os casacos de lã eram confeccionados à mão ou máquina. Os filhos 2 e 3 e as filhas 4 e 5 normalmente vestiam roupas iguais. Observe a foto abaixo:


Nessa foto aparecem os filhos de números entre um e cinco. A minha blusa era vermelha feita com o ponto de tricô chamado casinha de abelha em azul e branco. A blusa da número quatro era azul claro. Os casacos dos meninos tinham a gola feita de pele sintética. Tudo confeccionado pela nossa mãe, lindos não é? Lembro-me bem de uma fita de veludo azul marinho bordada para usar na cabeça muito linda!!
Tudo o que ela fazia era planejado e executado com muito amor e carinho!
Para nos sentarmos à mesa ela comprou 5 banquinhos, um de cada cor. A ordem era: branco para a filha número um, preto para o número dois, verde para o numero três, cinza para o número quatro, vermelho para a número cinco. O número seis e sete ainda não tinham nascido.
Os copos com canudinho eram de plástico cor de rosa. Ela escreveu a inicial do nome de cada um embaixo do copo com esmalte de unha também cor de rosa.
Ás vezes ela tinha que ir à São Paulo fazer compras de lã ou materiais para suas confecções ou para levar um de nós ao médico. Ficávamos ansiosos aguardando sua volta, pois sabíamos que ela traria frutinhas de marzipan, balas com recheio de doce de leite e línguas de gato Koppenhagen. Não existem mais frutinhas de marzipan Koppenhagen e o sabor das balas e línguas de gato não se assemelham em nada com aquelas que ela nos trazia.
Nos aniversários não faltava bolo com recheio de leite condensado cozido e ameixas pretas cozidas. Era servido também pão de forma cortado em triângulos recheado com patês variados. Para acompanhar a bebida era ki-suco. A decoração era feita com bexigas coloridas.
Todo sábado, obrigatoriamente no almoço, a mistura era bife à milanesa que, segundo a minha cunhada senhora número dois, de um kilo de carne ela fazia uma infinidade de bifes fininhos e deliciosos.
No inverno, à noite, ela servia chocolate quente maravilhoso.
Quando sobrava arroz no almoço já sabíamos que teríamos bolinhos de arroz ou arroz doce no dia seguinte.
Se sobrava feijão, à noite teríamos sopa de feijão ou salada de feijão bem temperadinha para comer com pão no jantar. Com sobras de músculo, sabíamos que ela também fazia salada bem temperadinha para comermos com pão, uma maravilha!
Tudo era válido em termos de economia. Ela tinha um cinzeiro ao lado do fogão onde, após acender o fogo do fogão ela depositava o palito usado. Depois o palito era reutilizado até o seu fim. O pão velho era torrado e virava farinha de rôsca. A massa de macarrão, pastel, lasagna, pizza era feita em casa. Interessante é que ela pendurava a massa de lasagna no varal para secar. O gnochi era super leve. Ela fazia questão de dizer que o segredo é usar bastante batatas e pouca farinha. A farinha é que deixa o gnochi pesado e a batata não pode soltar muita água.
A maionese também era feita por ela. Aliás, é impossível descrever o sabor da salada de maionese feita por ela, maravilhosa! Como também outras coisas : esfiha; tortas de limão, frango, maçãs; sopas de feijão, ervilhas, cebola, canja, legumes; bolos de beringela, cenoura, pão de ló, chocolate; bolinho de chuva; manjar de coco; doces de leite, abóbora, mamão verde, pêssego; licor de figo; suspiros; pudim de pão; pão de minuto; etc.
Para acompanhar as refeições ela servia sangria: vinho, água e açúcar. Tinha sempre um garrafão de vinho em casa. Às vezes tomávamos ki-suco também.
No Natal não podia faltar: pernil, tender, perú, a coitadinha da leitoa sorrindo com a maçã na boca. Mas, o que dava mesmo briga era o lombo ao molho agridoce. Sobremesa era salada de frutas, uma loucura!
Na Páscoa ganhávamos sempre ovos de chocolate. A minha irmã número sete sempre comenta que em tempos difíceis a nossa mãe comprava um ovo do maior que tinha. Então, ela rifava esse ovo. Para vender os números da rifa ela dizia: compre um número para ajudar uma pobre mãe com sete filhos para criar. Assim, ela pagava os nossos ovos. Até para isso ela tinha bom humor. Mas, todos sabiam que a pobre mãe era ela própria e levavam na esportiva. Teve um ano que ela inventou de fazer uma brincadeira com o meu irmão número seis. Ela embrulhou um mamão com se fosse um ovo de páscoa. Ela sempre entrava em nossos quartos de madrugada e depositava o ovo de páscoa ao pé da cama. Quando o número seis viu o tamanho do ovo dele quase morreu de alegria. Mas, essa alegria se tornou tristeza na mesma proporção quando ele abriu o ovo e descobriu o mamão. A tristeza foi tão grande que causou remorso para a nossa mãe, ela nem gostava de lembrar dessa estória depois que passou o trauma.
Tinham também os remédios caseiros: dor de garganta ela curava com pasta de limão com açucar que o Dr. Cid a ensinou. Dor de barriga de qualquer espécie era curada com leite de magnésia. Para gripe ela fervia o leite e colocava um pouco de cognac. Para ela, um dedo de cachaça misturada com um dedo de suco de limão era tiro e queda como sempre dizia.
Tudo era tão caprichado que até as fatias de pão que ela cortava eram mais gostosas e faziam com que eu e minha irmã número quatro brigássemos para ganhar.
Sempre que ela comprava balas, biscoito ou outras guloseimas a número sete era a responsável por dividir em sete montinhos, um para cada. Tudo era dividido igualmente. Só o irmão número três que sempre tentava inventar que tinha ganhado menos, que ainda não tinha ganhado e outras desculpas para ganhar mais.
É triste não tê-la mais por perto, mas é maravilhoso lembrar o amor que ela dedicava a seus filhos. Ela nos deixou uma lição de doação ao próximo com amor e felicidade nessa doação. Fico feliz por tê-la conhecido e convivido com ela e, mais ainda, como sua filha.
Disso tudo aprendi 3 lições muito importantes: curtir muito as pessoas, festas, a vida enquanto estão todos saudáveis e as coisas estão bem; ser muito agradecido a Deus enquanto temos saúde e podemos dar uma vida boa, saudável e educação a nossos filhos; e procurar viver feliz para amenizar a dor de outras pessoas. A felicidade se resume em mudar as coisas que podemos; aceitar as coisas que nada podemos fazer a respeito e procurar ter a sabedoria para saber a diferença entre as duas coisas!!